Doenças ocupacionais no Quadro de Cirurgião-Dentista do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal

Abstract

As doenças ocupacionais possuem impactos econômicos e sociais, refletem no absenteísmo, nas reformas precoces e na redução da qualidade de vida e longevidade dos trabalhadores. Consequentemente, tem se tornado objeto de estudo na área de Saúde Ocupacional. Pelo fato dos cirurgiões-dentistas se encontrarem entre os quadros de grande exposição a riscos ocupacionais e de alta prevalência de agravos à saúde, o presente estudo abordou quais os fatores da atuação profissional dos cirurgiões-dentistas do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal geram riscos e doenças prejudicando a capacidade para o trabalho. A metodologia envolveu uma pesquisa bibliográfica sobre doenças ocupacionais na odontologia e um levantamento de dados através de pesquisa documental de atestados médicos e aplicação de questionário para definição do índice de capacidade para o trabalho dos militares do Quadro de Oficial Bombeiro Militar do Distrito Federal Cirurgião-Dentista. O questionário de Índice de Capacidade para o Trabalho foi originalmente desenvolvido e validado pelo Instituto de Saúde Ocupacional da Finlândia (TUOMI el al., 2010), traduzido e adaptado culturalmente para o português brasileiro pela Universidade de São Carlos. O objetivo envolveu conhecer os riscos a que os militares estão expostos, bem como analisar os reflexos nos afastamentos ao trabalho por motivo de doença, levantar a capacidade para o trabalho e desse modo subsidiar as ações de prevenção às doenças do trabalho dos militares desse quadro. Os resultados demonstraram uma legislação que visa garantir um ambiente de trabalho seguro, no entanto a área de atuação dos cirurgiões-dentistas é naturalmente exposta a diversas fontes de riscos, que precisam ser conhecidos. Os cirurgiões-dentistas, apesar da grande exposição a fatores de risco, apresentaram 50% menos atestados médicos do que a média da corporação. Alguns grupos concentram os maiores números de atestados e necessitam de ações de prevenção específicas, como as mulheres e os militares na faixa de idade entre 31-40 anos. As doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo apresentaram a maior incidência no quadro. Os profissionais estudados apresentaram uma média de índice de capacidade para o trabalho de 39 pontos, sendo 19% com a classificação ótima e 58% com uma boa capacidade para o trabalho. O conhecimento dos riscos laborais e das consequências reais permite que os gestores identifiquem os pontos críticos e implementem medidas preventivas específicas para manutenção da capacidade para o trabalho a longo prazo. Recomenda-se acompanhamento a longo prazo do quadro e novos estudos que ampliem o acompanhamento a outros quadros da corporação.