A influência do adoecimento físico e mental sobre a movimentação das praças combatentes do serviço operacional para o expediente administrativo

Abstract

Nas relações de trabalho e saúde, os bombeiros são expostos a diversos riscos ocupacionais, principalmente as praças da QBMG-1 que atuam nos serviços operacionais. Aliados ao déficit de efetivo no CBMDF, esses riscos provocam um elevado índice de afastamento do trabalho por motivos de saúde. Essa interação desafia a gestão de recursos humanos no sentido de equilibrar o efetivo nas missões institucionais. Continuamente, a movimentação de praças para o expediente administrativo pode resultar em maior sobrecarga física e mental sobre os bombeiros que permanecem no serviço operacional. Daí a necessidade de se investigar as razões pessoais e corporativas que levam as praças combatentes a buscarem atuar no expediente. A hipótese surgiu em consequência do elevado absenteísmo por doença presente na Corporação que, sob evidências de estudos anteriores mostrando o perfil de adoecimento das praças da QBMG-1, poderia estar causando esse êxodo do serviço operacional. Para se investigar o impacto desse adoecimento sobre essas movimentações, foi realizado um estudo epidemiológico descritivo e exploratório dos afastamentos médicos, por meio da análise de dados do CPMED, correlacionando com a literatura científica e com os resultados obtidos da aplicação de um questionário estruturado pelo próprio pesquisador e dirigido às praças combatentes. Foi realizada uma abordagem pelo método hipotético-dedutivo, sendo testada a hipótese por meio do teste qui-quadrado juntamente com uma estatística descritiva. Os resultados demonstraram que, efetivamente, as praças operacionais que atuam na linha de frente no serviço à sociedade sofrem com maiores sobrecargas físicas e mentais, porém podem existir fatores na psicodinâmica do trabalho que estariam ligados ao adoecimento tanto dessas praças quanto daquelas que atuam no expediente administrativo. Além disso, o envelhecimento crescente da tropa e a má qualidade do sono poderia estar agravando essa situação crítica. Tais fatores necessitam de novas pesquisas para serem elucidados. O elevado adoecimento físico e mental não foi estatisticamente significante como um dos principais fatores para a movimentação administrativa das praças combatentes. Dentre os diversos motivos pessoais, mistos e de saúde apresentados pelas praças questionadas para estarem optando pelo expediente, se destacaram as requisições de habilidades técnicas específicas para atuação na missão fim e as inadequadas condições de trabalho. Considerando o momento crítico atual da Corporação, que sofre com a falta de recursos humanos e os altos custos com tratamentos médicos, os resultados exigem novas reflexões na estrutura organizacional, a fim de traçar novas estratégias de gestão de recursos humanos por competências. É necessário buscar soluções ou subsidiar políticas que favoreçam a permanência dos bombeiros na missão fim por um tempo mínimo na carreira, especialmente nas faixas etárias que naturalmente apresentam melhor aptidão física e capacidade de trabalho para o serviço operacional.

In work and health relationships, firefighters are exposed to various occupational risks,particularly among the enlisted personnel of the QBMG-1 who are involved inoperational services. Combined with the staffing deficit in CBMDF, these risks result ina high rate of work absence due to health reasons. This interaction challenges humanresources management to balance the workforce in institutional missions.Continuously, the transfer of personnel to administrative duties may result in increasedphysical and mental overload on firefighters who remain in operational service. Hencethe need to investigate the personal and organizational reasons that lead combatantpersonnel to seek administrative duties. The hypothesis arose as a result of the highabsenteeism due to illness present in the Corporation, which, under evidence fromprevious studies showing the health profile of QBMG-1 personnel, could be causingthis exodus from operational service. To investigate the impact of this illness on thesetransfers, a descriptive and exploratory epidemiological study of medical absenceswas conducted through the analysis of data from CPMED, correlated with scientificliterature and the results obtained from the application of a structured questionnaire bythe researcher himself directed to combatant personnel. The hypothetical-deductivemethod was used for approach, with the hypothesis tested using the chi-square testalong with descriptive statistics. The results demonstrated that operational personnelwho work on the frontline in serving society do indeed experience higher physical andmental burdens, but there may be psychodynamic work factors that are linked to illnessin both these personnel and those who work in administrative duties. In addition, theincreasing aging of the troop and poor quality of sleep may be exacerbating this criticalsituation. These factors require further research for elucidation. High physical andmental illness was not statistically significant as one of the main factors foradministrative transfers of combatant personnel. Among the various personal, mixed,and health reasons presented by the surveyed personnel for opting for administrativeduties, requisitions for specific technical skills for mission completion and inadequateworking conditions stood out. Considering the current critical situation of theCorporation, which suffers from a lack of human resources and high costs of medicaltreatments, the results require new reflections on organizational structure in order todevelop new strategies for competency-based human resources management. It isnecessary to seek solutions or provide policies that promote the retention of firefightersin operational service for a minimum period in their careers, especially in age groupsthat naturally have better physical fitness and work capacity for operational service."