A prevalência de transtorno depressivo, transtorno de ansiedade generalizada e de transtorno de estresse pós-traumático nos Bombeiros Militares do CBMDF após a pandemia de COVID-19

Abstract

A presente pesquisa abordou a saúde mental dos militares do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, com foco na avaliação do transtorno depressivo, transtorno de ansiedade generalizada e transtorno de estresse pós-traumático após a COVID-19. O objetivo geral foi estudar a prevalência desses transtornos entre os bombeiros militares da ativa e suas principais características sociodemográficas. Para tal foi utilizado um questionário, composto pelos questionários IES-R, GAD 7 e PHQ 9, todos validados. Foram avaliadas as seguintes variáveis sociodemográficas: gênero, faixa etária, estado civil, renda familiar, local de moradia, círculo hierárquico e tipo de serviço. Participaram do estudo 424 bombeiros militares, selecionados por meio de amostragem por conveniência. O estudo demonstrou que existe uma prevalência elevada de todos os transtornos pesquisados entre os militares da ativa do CBMDF, observando-se transtorno depressivo em 59,2%, transtorno de ansiedade generalizada em 60,61% e transtorno de estresse pós-traumático em 21% da amostra estudada. Dentre as características sociodemográficas que se associaram positivamente aos transtornos destacam-se: o gênero feminino, ser praça e ter muito tempo de serviço no CBMDF. Para o transtorno depressivo, pacientes do sexo feminino apresentam uma prevalência de depressão 19 % (RP = 1,19; p = 0,0277) maior do que a dos homens. Pacientes não casados apresentam uma prevalência de depressão 17 % (RP = 1,17; p = 0,0484) maior do que os casados. Pacientes com renda até 10 SM apresentam uma prevalência de depressão 44 % (RP = 1,44; p = 0,0014) maior do que aqueles com renda acima de 20 SM. Para o transtorno de ansiedade generalizada, pacientes do sexo feminino apresentam uma prevalência de ansiedade 26 % (RP = 1,26; p = 0,0030) maior do que a dos homens. Pacientes com renda até 10 SM apresentam uma prevalência de ansiedade 32 % (RP = 1,32; p = 0,0081) maior do que aqueles com renda acima de 20 SM. Em relação ao transtorno de estresse pós-traumático, pacientes do sexo feminino apresentam uma prevalência de TEPT 75 % (RP = 1,75; p = 0,0031) maior do que a dos homens. Pacientes praças apresentam uma prevalência de TEPT 71 % (RP = 1,71; p = 0,0132) maior do que aqueles que são oficiais. Pacientes com 13 a 27 anos de serviço e aqueles com mais de 27 anos de serviço no CBMDF apresentam uma prevalência de TEPT 118 % e 273%, respectivamente, maiores do que aqueles com até 5 anos de serviço no CBMDF. Em vista disso, o estudo permitiu concluir que a prevalência dos transtornos avaliados foi alta e que alguns subgrupos merecem atenção especial da Corporação. De modo complementar é necessário cuidado, tratamento e seguimento dos militares adoecidos. Há necessidade de reduzir o estigma da doença mental, propor planejamento financeiro, rastrear e diagnosticar os transtornos estudados.

The present research addressed the mental health of the military of the Military Fire Brigade of the Federal District, focusing on the evaluation of depressive disorder, generalized anxiety disorder and post-traumatic stress disorder after COVID-19. The general objective was to study the prevalence of these disorders among active military firefighters and their main sociodemographic characteristics. For this, a questionnaire was used, consisting of the IES-R, GAD 7 and PHQ 9 questionnaires, all of them have validation. The following sociodemographic variables were evaluated: gender, age group, marital status, family income, place of residence, hierarchical circle and type of service. The study included 424 firefighters, selected through convenience sampling. The study demonstrated that there is a high prevalence of all the disorders surveyed among the military of the CBMDF, observing depressive disorder in 59.2%, generalized anxiety disorder in 60.61% and post-traumatic stress disorder in 21 % of the studied sample. Among the sociodemographic characteristics that were positively associated with the disorders, the following stand out: being female, being an enlisted service member and have been worked for a long time at the CBMDF. For depressive disorder, female militaries have a prevalence of depression 19% (PR = 1.19; p = 0.0277) higher than that of males. Unmarried patients have a 17% (PR = 1.17; p = 0.0484) higher prevalence of depression than married firefighters. Militaries with income up to 10 minimum wage have a prevalence of depression 44% (PR = 1.44; p = 0.0014) higher than those with income above 20 MW. For generalized anxiety disorder, female militaries have a prevalence of anxiety 26% (PR = 1.26; p = 0.0030) higher than that of males. Militaries with income up to 10 MW have a prevalence of anxiety 32% (PR = 1.32; p = 0.0081) higher than those with income above 20 MW. Regarding post- traumatic stress disorder, female militaries have a prevalence of PTSD 75% (PR = 1.75; p = 0.0031) higher than that of males. Enlisted service members have a prevalence of PTSD 71% (PR = 1.71; p = 0.0132) higher than those who are officers. Militaries with 13 to 27 years of service and those with more than 27 years of service at the CBMDF have a prevalence of PTSD 118% and 273%, respectively, higher than those with up to 5 years of service at the CBMDF. In view of this, the study concluded that the prevalence of the evaluated disorders was high and that some subgroups deserve special attention from the Corporation. In addition, care, treatment and follow- up of sick soldiers is necessary. There is a need to reduce the stigma of mental illness, propose financial planning, track and diagnose the studied disorders.